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02/09/2007

SONHO EM ÁGUA FÉRREA


O vulcão disse-me…
bem, não foi bem o vulcão…

A água férrea quente
do cerne magma incandescente,
sussurrou-me tepidamente na pele,
afagos e dormências…

Bem , não foi bem a água…
A lua vazia de escuridão,
lá no alto testemunhou,
o roçar murmurejante da aragem,
p’lo verde ramado das criptomérias,
a mim sorriu-me brilhos,
cintilava-se na férrea água,
pareceu-me até ouvir um namoro,
entre ela e o vulcão…

Bem , não foi bem a lua…
Propunha-me o vulcão uma troca,
a mim, comum insubstantivo,
mortal andante.
De todo o meu genético código
só lhe interessava a minha mobilidade.
A minha mobilidade…?
Indagando porquês, cogitei receoso…

Conheces bem a minha força
Tenho na memória milhões de inocentes
por mim vitimados.
A raiva da minha lava, é
deusa destruidora…
o sismo, o tsunami, sou eu.
Era jovem, minhas coléricas reacções,
ao malfazer humanóide,
descarregava-as sempre nos imediatos
próximos inocentes.
Doravante,
Com tua mobilidade, castigarei
os certos culpados,
terei a capacidade de me situar, onde
o mal nasce, nos verdadeiros pontos da decisão,
dando a morte a quem a merece.
Bem , não foi bem o vulcão…
O cantar do pássaro, arrancou-me da
tépida férrea dormência,
reconheci-me
deitado sobre o fracturado basalto,
o sonho fora-se.

Bem, foi um sonho…

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